“Enquanto eles se
martirizavam pela probabilidade mais precisa da existência continuavam as
estrelas se abraçando com seus corpos atômicos”
Eis o tipo de trabalho que surge
do meu conforto linguístico. Principalmente pela noção de atmosfera que se
destaca na pintura, um elemento visual que anda comigo em boa parte dos
trabalhos mais poeticamente desenvolvidos. Criei nessa imagem um ambiente
desértico que funciona como suporte e também como personagem. Tanto as nuvens
como o chão são representações de formas simbólicas, ambas tratadas como
componentes de uma narrativa. Não que haja uma história cíclica específica, na
verdade a existência em si dessas coisas caracterizam uma relação de signos.
Gosto da forma que as nuvens fazem durante uma tempestade, o movimento delas parece
ser ensaiado, o fluxo me remete a um corpo que cobre a terra como que um extenso
lençol. A terra inclusive faz da sua superfície firme e densa uma residência
suficiente à qualquer condição. E antes que nuvem e terra parecem distantes
penso no raio, que com toda sua potência e energia possibilita uma fecundação efêmera
entre estes seres necessitados. E aquela esfera que flutua no espaço presenciando
esta gestação? Um corpo físico ou um ser pensante, talvez! Todos símbolos.
Todos pensados a fim de me representarem. Representarem minha condição de pai.






















